domingo, 9 de fevereiro de 2014

Preso por rojão em ato já viu o outro suspeito em protestos, diz delegado

 

Fábio Raposo disse que vai tentar colaborar com investigações.
Advogado de Raposo pedirá revogação de sua prisão de 30 para 5 dias.

Renata Soares Do G1 Rio
O delegado Maurício Luciano informou na tarde deste domingo (9) que Fábio Raposo, que admitiu ter entregue rojão a outro homem, disse que já viu o segundo suspeito em protestos anteriores. Raposo disse que vai tentar identificá-lo. O artefato atingiu o cinegrafista Santiago Andrade durante ato no Centro do Rio, na quinta-feira (6). Até as 15h deste domingo, Andrade seguia internado em estado grave na CTI no Hospital Municipal Souza Aguiar.
O suspeito prestou depoimento na manhã deste domingo. Às 14h20, ele terminou de responder ao interrogatório da polícia, após quatro horas. Ele foi encaminhado para uma triagem na Cidade da Polícia, e, de lá, será encaminhado ao sistema penitenciário.
"Na questão da delação premiada, a princípio, ele concordou colaborar e vai ver se há possibilidade de identificar a pessoa, porque ele diz não conhecer o nome desta pessoa, mas pode reconhecer. Ele já viu o rapaz de manifestações, mas disse que não é do círculo de amizades dele. Tanto ele não tem contato íntimo com ele que não conhece seus dados qualificativos", explicou o delegado, acrescentando ainda que a polícia vai tentar "promover o retrato falado" do segundo homem envolvido no caso do rojão.
"É o que poderá ser o único elemento para conhecer aquele que deflagrou o artefato", disse o delegado.
“Ele quer muito ajudar com a investigação, no entanto, não há como ter uma delação uma vez que ele não tem o nome do segundo rapaz”, disse o advogado de Raposo, Jonas Tadeu Nunes, que vai pedir a revogação da prisão de Fábio de 30 para cinco dias.
Pichação
O delegado Luciano disse também neste domingo que um morador do prédio onde Raposo mora sozinho, no Méier, na Zona Norte do Rio, foi ouvido informalmente. Segundo ele, há uma pichação no play do prédio que faz referência aos black blocs. O morador, que não teve a identidade revelada, atribuiu a Raposo a autoria da inscrição.
Depois da prisão, o delegado contou que levou Raposo e o advogado Jonas Tadeu Nunes para cumprir o mandado de busca e apreensão na residência do suspeito. No local, Raposo entregou as roupas que usava no dia da manifestação e três celulares. Também foi apreendido o HD do computador. A polícia solicitou a quebra do sigilo telefônico e da internet.
Segundo o delegado, na hora da prisão Raposo parecia tranquilo. “Ele parecia conformado e parecia que já esperava pela prisão”, disse Luciano. “A mãe estava amargurada e triste e ficou o tempo todo de cabeça baixa”, contou também o delegado.
Luciano afirmou que Raposo disse que no dia em que se apresentou à policia recebeu uma ligação de número restrito e sofreu ameaças caso ele não assumisse a autoria  total do ocorrido. Segundo o delegado, a polícia vai investigar também esta ameaça. O delegado Luciano acredita que a ligação tenha sido uma represália.
A polícia continua ainda em busca de pessoas que tenham presenciado o ocorrido da manifestação. Depois do depoimento, o delegado informou que Raposo será encaminhado para o sistema prisional.
Roupas usadas por Fábio Raposo no dia da manifestação foram recolhidas pela polícia. (Foto: Renata Soares/G1)Roupas usadas por Fábio Raposo no dia da manifestação foram recolhidas pela polícia (Foto: Renata Soares/G1)
Tentativa de delação premiada
Fábio Raposo foi preso na manhã deste domingo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. O tatuador foi localizado na casa dos pais. Além de tatuador, Raposo disse que estuda contabilidade, mas não estava frequentando nenhum curso.
Fábio Raposo deixa a 17º DP (São Cristóvão) após prestar depoimento (Foto: Renata Soares/G1)Fábio Raposo deixa a 17º DP (São Cristóvão) após prestar depoimento (Foto: Renata Soares/G1)
Prisão
Depois da prisão, o suspeito foi levado para a 17º DP (São Cristóvão). Ele chegou ao local por volta das 9h55 na companhia do delegado.
O cinegrafista Santiago Andrade foi ferido em ato contra o aumento das passagens de ônibus, quinta-feira (6), perto da Central do Brasil. Atingido na cabeça, ele teve afundamento de crânio e segue internado em coma, em estado grave.

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