Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estimou que o avanço da vacinação contra a covid-19 é responsável pela prevenção de mais de 40 mil mortes de idosos em um intervalo de treze semanas no Brasil. Os dados, divulgados ontem (17), são de levantamento realizado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, em parceria com a Universidade Harvard e o Ministério da Saúde.
Os cálculos revelaram que,
se o número de mortes entre os mais idosos tivesse seguido a mesma tendência
observada para os brasileiros mais jovens, seriam esperadas 70.015 mortes de
pessoas de 80 anos ou mais. No entanto, foram registradas 37.401 mortes no
período. Entre as pessoas de 70 a 79 anos, a expectativa de mortes era de
20.238 contra 13.838 registradas. Somando as estimativas para ambas as faixas
etárias, foram evitadas as mortes de 43.082 idosos no país.
“Encontramos evidências de
que, embora a disseminação da variante P.1 (gama) tenha
levado ao aumento das mortes por covid-19 em todas as idades, a proporção de
óbitos entre os idosos começou a cair rapidamente a partir
da segunda quinzena de fevereiro de 2021. Até então, essa
proporção tinha se mantido estável em torno de 25% a 30% desde o início da
epidemia, mas se encontra agora abaixo de 13%”, disse o epidemiologista da
UFPel e líder do estudo, Cesar Victora.
Ele acrescentou que as
“análises de óbitos por outras causas mostram que o declínio proporcional entre
os idosos é específico para as mortes por covid-19”. Os pesquisadores
concluíram, portanto, que o avanço da campanha de vacinação contra a doença
está associado às quedas progressivas na proporção de mortes de idosos pelo
novo coronavírus no Brasil.
Victora avalia que a
principal contribuição do levantamento é fornecer evidências sobre a efetividade
do programa de vacinação no Brasil como um todo, em um cenário onde a variante
gama atualmente predomina, confirmando os achados de estudos anteriores
realizados em grupos populacionais mais restritos.
“Como o distanciamento
social e uso de máscara estão sendo adotados de forma limitada na maior parte
do país, o rápido aumento da vacinação permanece como a abordagem mais
promissora para controlar a pandemia”, concluiu o pesquisador.
Detalhes do estudo
Para o levantamento, os
pesquisadores analisaram as tendências de mortes por covid-19 e por outras
causas não relacionadas ao novo coronavírus no período de 3 de
janeiro a 27 de maio de 2021, com base em dados sobre óbitos e
cobertura vacinal registrados pelo Ministério da Saúde. No período, o país registrou
238.414 mortes por covid-19 e 447.817 mortes por outras causas.
Os resultados revelaram que
número de mortes por covid-19 em todas as idades aumentou a partir do
final de fevereiro em decorrência da rápida disseminação da variante gama para todo o país.
Os níveis nacionais de
cobertura com a primeira dose da vacina alcançaram metade dos idosos de 80 anos
ou mais na primeira quinzena de fevereiro e passaram dos 80% na
quinzena seguinte, com estabilidade em torno de 95% a partir de março.
Os pesquisadores observaram
que, em paralelo, o percentual de mortes de idosos caiu de 28% do total de
óbitos por covid-19, em janeiro, para 12%, em maio, com início de queda
acentuada a partir da segunda metade de fevereiro. Enquanto a
proporção de mortes nesse grupo por causas não relacionadas à covid-19
permaneceu estável em quase 30% no mesmo período.
Para a faixa etária de 70 a
79 anos, a cobertura vacinal com a primeira dose atingiu metade da população na
última semana de março, alcançando 90% na primeira metade de maio. A
proporção de mortes por covid-19 nesse grupo permaneceu em torno de 25% do
total de mortes pela doença até a segunda semana de abril.
A partir daquele momento,
essa proporção de mortes por covid-19 começou a diminuir de forma acentuada,
chegando a 16% na última semana de maio. Entre esses idosos, a proporção
de mortes por outras causas permaneceu estável em torno de 20%.
Fonte: Agencia Brasil
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