quinta-feira, 9 de abril de 2015

Passarela 'mais perigosa do mundo' reabre após reforma milionária


Caminito del Rey, na Espanha, tem estreitas passarelas suspensas mais de 100 metros sobre desfiladeiros.
Do G1
Visitantes percorrem trajeto de sete quilômetros e passam por pontes e passarelas sobre desfiladeiro (Foto: Getty Images/BBC)
Visitantes percorrem trajeto de sete quilômetros e passam por pontes e passarelas sobre desfiladeiro (Foto: Getty Images/BBC)
Depois de 25 anos fechada para visitas, a passarela tida como a "mais perigosa do mundo" foi reaberta no interior da província de Málaga, na Espanha.

Para reativar o antigo trajeto, conhecido como Caminito del Rey, e transformá-lo em atração turística, a administração local gastou 5,5 milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões) em uma reforma ambiciosa, que construiu uma nova ponte reforçada sobre a antiga.
 
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O Caminito del Rey foi construído no início do século 20 com o objetivo de criar um caminho entre as quedas d'água das represas de El Chorro e El Gaitanejo, de forma a facilitar o trabalho dos operários da hidrelétrica local.

Parte do percurso de mais de 7 km é feito sobre estreitas passarelas que ficam a 100 metros de altura sobre o rio Guadalhorce, no Desfiladeiro dos Gaitanes.

Desde sua criação, o local ficou famoso – especialmente entre amantes de esportes radicais – pelo trajeto arriscado e pelas mortes que aconteceram ali.

Segundo o jornal El País, a abertura do caminho pretende pôr fim a anos de visitas clandestinas, que causaram em acidentes fatais em 1999 e 2000, mesmo depois de o local ter sido fechado e de suas vias de acesso terem sido propositalmente destruídas.

Ingressos para o percurso sobre o cânion em Málaga se esgotaram antes mesmo da reabertura do local ao público

A reforma foi custeada pela Assembleia Legislativa de Málaga, em colaboração com o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Cerca de 2,2 milhões de euros foram destinados a criar passarelas reforçadas e o restante do valor foi usado para melhorar o acesso aos turistas.

Segundo a imprensa local, desde sua reabertura, em 28 de março, o Caminito Del Rey já recebeu mais de 9 mil visitantes. Antes mesmo do início das visitas, os ingressos para abril e maio já estavam esgotados.

A administração de Málaga será responsável pelo local durante os próximos seis meses, em que as visitas serão gratuitas.

No entanto, as autoridades ainda não decidiram qual será o modelo de administração da atração turística após esse período.

Trabalhadores alpinistas

Reforma realizada por alpinistas construiu novas passarelas reforçadas sobre caminho antigo (Foto: Getty Images/BBC)
Reforma realizada por alpinistas construiu novas passarelas reforçadas sobre caminho antigo (Foto: Getty Images/BBC

O Camino del Rey foi aberto ao público após um ano de trabalho e três tentativas de restauro, que seguiram "quase o mesmo sistema empregado em sua construção inicial, há mais de 100 anos", disse o diretor da obra, Luis Machuca, ao jornal El País.

"Muitas vezes a tendência dos arquitetos é competir com o entorno, mas nesse caso o projeto teve que se adaptar ao lugar", afirmou.

O projeto foi modificado duas vezes para reduzir seu impacto no entorno e por conta de entraves administrativos. O caminho original, bastante deteriorado, está preservado abaixo do novo.

As novas passarelas são feitas de madeira e protegidas por redes de aço inoxidável. Em trechos mais perigosos, o chão também é feito de uma grade de aço, que impede sua deformação pelo vento e permite ver o fundo do desfiladeiro. Um mirante com o chão de vidro também convida os mais corajosos.

Concluir o projeto em um local tão perigoso só foi possível com uma operação especial. Os trabalhadores responsáveis pela construção são alpinistas e o mestre de obras é um espeleologista (especialista em cavernas). Além disso, a entrega e retirada de materiais foi feita com um helicóptero.

Apesar da procura, o local só deve receber cerca de 600 pessoas por dia, que serão obrigadas a usar capacetes. Crianças menores de 10 anos também não poderão entrar, por razões de segurança.

De acordo com Machuca, a restauração melhorou o acesso e ajudou a reduzir os riscos, mas "os visitantes devem saber que fazer este percurso ainda traz um pequeno risco". No dia 7 de abril, o local foi fechado por precaução devido aos fortes ventos que sopraram no desfiladeiro.

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