O plenário do Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (5), por unanimidade, projeto de lei que altera o indexador da dívida de estados e municípios com a União e alivia a situação fiscal desses entes da federação. A proposta também garante correção retroativa das dívidas contraídas antes de 1º de janeiro de 2013, o que poderá agravar a situação das contas públicas, que em setembro registraram o pior resultado da história.
O texto
aprovado pelos senadores garante a correção retroativa do saldo devedor pela
variação acumulada da taxa Selic (taxa básica de juros da economia) desde a
assinatura dos contratos. A retroatividade tinha sido incluída no projeto pelos
deputados federais e sofreu resistência do Palácio do Planalto, que teme perdas
futuras na arrecadação e desequilíbrio fiscal.
Aprovado na
Câmara e no Senado, o projeto seguirá agora para sanção da presidente Dilma
Rousseff. O artigo sobre a retroatividade sofria ameaça de veto pela
presidente, mas será mantido em razão de acordo com o governo, segundo informou
o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
A votação do
projeto, prevista para o início do ano, foi adiada após apelo de ministros, que
temiam na época um rebaixamento da nota do Brasil pelas agências internacionais
de classificação de risco. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi
pessoalmente discutir o assunto com os senadores, Redução dos juros
A proposta
aprovada nesta quarta-feira pelo Senado alivia a situação fiscal de governos
estaduais e municipais porque reduz os juros das dívidas contraídas com a
União.
Atualmente,
a correção é baseada no Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI)
mais 6% a 9% de juros ao ano. Com o projeto, o indexador passará a ser a taxa
Selic ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% de
juros, o que for menor.
A votação do
projeto após as eleições foi um compromisso assumido pelo presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), junto a governadores e prefeitos que o pressionaram
pela aprovação.
Acompanharam
a sessão desta quarta-feira o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro
(PT), e governador eleito do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e os
prefeitos Fernando Haddad (PT), de São Paulo, Eduardo Paes (PMDB), do Rio de
Janeiro) e Arthur Virgílio (PSDB), de Manaus.
O relator,
senador Luiz Henrique (PMDB-SC), afirmou que o projeto “devolve aos estados
parte da capacidade de investimento que eles perderam”.
Segundo
dados citados por ele, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro apresentam “os
quadros mais graves de endividamento”. O Rio Grande do Sul tomou emprestados R$
9,859 bilhões em 1998, pagou até dezembro de 2013 R$ 16,832 bilhões e ainda
está devendo R$ 44,384 bilhões. O Rio de Janeiro obteve empréstimo de R$ 18,5
bilhões, pagou R$ 20,914 bilhões e deve R$ 49,855 bilhões.
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