O Imparcial
Lula e o vice-presidente Michel Temer sugeriram a Dilma que não deixasse 'na chuva' o filho do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), para não criar novo foco de rebelião |
Em reunião
que durou cinco horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou na
quarta-feira a presidente Dilma Rousseff a atender a todos os pedidos do PMDB,
mesmo que para isso tenha de desidratar o PT na reforma ministerial. "É
melhor perder ministérios do que a Presidência", disse Lula, segundo
relato de ministros do PT que participaram da conversa, no Palácio da Alvorada.
A portas fechadas, o ex-presidente avaliou que a estratégia montada para atrair os aliados rebeldes, entregando o Ministério da Saúde - hoje com o PT - à bancada do PMDB na Câmara deu fôlego para Dilma barrar pedidos de impeachment no Congresso. Além disso, para não contrariar nenhuma ala do PMDB, Dilma cogita deixar de lado a fusão das Secretarias de Portos e Aviação Civil. Com isso, o partido poderá ficar com seis ministérios, e não mais cinco, como previsto inicialmente.
O favorito para Saúde é o deputado Manoel Júnior (PB), homem da confiança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nessa nova configuração, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, deve permanecer no cargo e Helder Barbalho, hoje na Secretaria da Pesca, pode ser deslocado para Portos. A Pesca será abrigada no Ministério da Agricultura.
Lula e o
vice-presidente Michel Temer sugeriram a Dilma que não deixasse "na
chuva" o filho do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), para não criar novo
foco de rebelião. Os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu
(Agricultura) continuam em seus postos. Henrique Eduardo Alves (Turismo), também
ligado a Cunha, deve seguir no posto.
À noite,
Dilma convidou o PDT para assumir o Ministério das Comunicações. O convite foi
feito ao presidente do partido, Carlos Lupi. A bancada do PDT na Câmara
pretende indicar para o cargo o deputado André Figueiredo (CE).
O PDT
controla hoje o Ministério do Trabalho, que será fundido com Previdência.
Insatisfeito com o governo, o partido vinha mantendo uma posição de
"independência" na Câmara. Embora o PT vá perder Comunicações - cargo
estratégico para a legenda, que defende a regulamentação da mídia -, Ricardo
Berzoini, titular da pasta, assumirá a Secretaria Geral da Presidência, que
cuidará da articulação política do governo com o Congresso.
Lula também
propôs à sucessora que adiasse por alguns dias o anúncio da reforma ministerial,
previsto inicialmente para ontem Ele argumentou que Dilma deveria "amarrar
bem" os acordos, uma vez que a ideia é por agora nos ministérios
"quem tem voto" e pode ajudar o governo no Congresso. "Você não
pode errar", insistiu ele.
Depois que a
presidente concordou em transferir a Saúde para o PMDB na Câmara, o Palácio do
Planalto venceu uma batalha no Congresso e conseguiu manter importantes vetos a
projetos que aumentavam o rombo nas contas públicas.
Foi com esse
diagnóstico que Lula pediu a ela que se aproximasse mais de Temer, que comanda
o PMDB; do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de Cunha,
oficialmente rompido com o governo.
Apesar de
lamentar a substituição do ministro da Saúde, Arthur Chioro (PT), Lula observou
que o PMDB é crucial para garantir a governabilidade. Além disso, na opinião do
ex-presidente, Dilma precisa conversar com todos os aliados e até com
movimentos sociais, para não deixar insatisfeitos pelo caminho, antes de
acertar o primeiro escalão.
Dilma
viajará nesta quinta-feira para Nova York, onde participa da Assembleia Geral
da ONU, e só retornará na terça-feira, dia 29. Diante disso, o anúncio da
reforma, que vai cortar dez ministérios, pode ficar para a semana que vem. Na
tentativa de fechar as mudanças, a presidente passou o dia e a noite de quarta
numa verdadeira maratona de negociações, no Alvorada, e nem despachou no
Planalto.
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