A Prefeitura de São João dos Patos, por meio da Secretaria Municipal de Educação, promoveu sábado (27) no Auditório do Colégio Valmar, das 8 às 12 horas, o terceiro encontro de formação continuada para diretores, coordenadores, supervisores e professores da rede municipal de ensino.
O encontro teve por objetivo demonstrar aos profissionais da educação a realidade das escolas atualmente, além de incentivá-los a conhecer o orçamento e sua aplicação na educação. Na ocasião foram entregues as portarias para os professores efetivados no último concurso municipal.
O prefeito de São João dos Patos Valdênio Sousa, a secretária municipal de educação Oneide Dias de Freitas e o consultor da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME- Paulo Buzar abriram o evento.
O prefeito Valdênio Sousa disse que estava muito feliz em colaborar para a ampliação do conhecimento dos profissionais da educação, pediu que todos aproveitassem a oportunidade e parabenizou os novos professores que ingressaram na educação de São João dos Patos através de concurso público, destacando que foram aprovados por méritos e não por apadrinhamento político.Valdênio Sousa afirmou que continuará investindo em educação para que o município continue como referência na região. O palestrante do encontro Paulo Buzar revelou que já conhecia o município de São João dos Patos desde 2005, que desde então tem o município como um dos locais preferidos onde pretende morar futuramente.
O prefeito Valdênio Sousa pediu permissão para se ausentar devido a compromissos políticos justificando a visita de campanha do candidato do PMDB ao governo do Maranhão em São João dos Patos, o prefeito quebrou o protocolo do evento e convidou os presentes a participarem à noite de comício do candidato: “Como formadores de opinião não podemos nos esquivar da política” destacou Valdênio.
Paulo Buzar iniciou sua palestra com uma dinâmica onde promoveu um debate entre dois grupos chamados escola A e escola B em que cada escola tinha que convencer a outra da sua situação boa ou ruim. A dinâmica serviu para mostrar a realidade existente nas escolas atualmente, desde a falta de disciplina dos alunos, falta de participação da família, incentivos e autonomias, etc. A dinâmica serviu ainda para revelar o que se encontra nas escolas e como introdução ao tema do encontro: “A Escola Que Temos. A Escola Que Queremos”.
Através de Datashow Paulo Buzar foi discorrendo sobre as dificuldades e situações caóticas dos prédios em que se encontram as escolas, principalmente da zona rural: “Das duzentas escolas em Barreirinhas, , cento e setenta escolas são de barro e palha e estamos falando de um local que é destino turístico no Maranhão” criticou o palestrante. “ Geralmente o prédio da escola da zona rural é a pior construção da localidade… É preciso alterar as nossas práticas, nossos indicadores, não é justo ficarmos 20 anos com indicadores perversos, é necessário darmos um salto para termos a escola que queremos” destacou Buzar.
Para o palestrante existem motores que movem a educação que começa com uma gestão pública, com mais autonomia: “Vale apenas administrar uma prefeitura sem autonomia ?”. “Vale apenas conduzir uma escola, uma sala de aula sem autonomia ?” o questionamento de Paulo Buzar foi em relação a escola ter condições de tomar decisões, de ter recursos para comprar um material sem necessidade de ocupar o precioso tempo da secretaria municipal.
Outro item foi em relação ao apadrinhamento político de indicar diretores sem o processo técnico. Paulo Buzar declarou que geralmente o diretor de uma escola é ocupante da sala da secretária e não tem autonomia: “Fica como estágio de pedinte, até mesmo para comprar um simples objeto tem que pedir para a secretária” observou o palestrante.
Existe estudos que mostram que o funcionário público depois de vinte e cinco anos fazendo o que não gosta, cerca de 40 % desses ficam doentes” alertou o palestrante e considerou que o profissional que chega ao trabalho sempre atrasado, com atestado de 15 em 15 dias, o professor que está com uma turma a cinco anos e essa turma e o aluno não aprende, isso é um fracasso e o profissional realmente pode está doente, é a chamada síndrome de desistência profissional: “Isso é grave e é preciso um psicólogo, um grupo para atender esse profissional” afirmou.
A educação infantil foi debatida e o palestrante disse que para essa turma deveria ser destinado os melhores profissionais exemplificou os países europeus, em especial Portugal onde os professores da educação infantil tem que ter mestrado.
Lembrou que a família é essencial no desenvolvimento educacional dos filhos. Que o professor deve praticar exercícios físicos: “Trabalhamos muito a mente e esquecemos o corpo e nos tornamos focos fáceis para a depressão” destacou, Paulo Buzar chamou a atenção para a federalização dos programas governamentais feitos nas secretarias municipais de educação: “A todo momento tem que se preencher dados, alimentar sistemas do governo… Cuidado para não tornamos nossos funcionários municipais em federais e esquecermos de resolver os programas no município”. Para Buzar em vários municípios toda a força de trabalho da SEMED executa programas federais e elencou o PNLD, PDDE, PDE, PNAE, PNATE, Censo Escolar, Prova Brasil, PNAIC, etc. e informou que esses trabalhos são pagos com recurso municipais.
Sugeriu que o curso superior na área da educação inclua a grade sobre orçamento para que os profissionais tenham conhecimento de como funciona os gastos dos recursos públicos, perguntando quais ferramentas de gestão utilizamos para planejar a educação municipal. Falou das expectativas das escolas em relação aos seus alunos mostrando as prioridades e os itens menos relevantes. Orientou como iniciar a escola que queremos e quanto isso custa.
Paulo Buzar fez uma síntese da história da educação no país, mostrando a longa ausência do Poder Central no financiamento da educação básica. Mostrou o manifesto dos pioneiros da educação que serviu como base para as políticas para o Plano Nacional de Educação, Investimentos mínimo por aluno e educação em tempo integral.
Um dos temas que despertou curiosidade foi sobre o Piso Salarial Para Professor. Paulo disse que p Piso já está vigente mas que ainda há dez anos para cumpri-lo. Os municípios têm que fazer seus planos. Os profissionais tem conhecer melhor a Lei 11.738/2008 que trata de elementos importantes. O palestrante falou também da jornada de trabalho do profissional da educação, do equilíbrio da relação entre aluno e profissionais do magistério, da garantia de acesso dos alunos às escolas, da folga (Dia Pedagógico) do professor, da missão do Conselho de Educação, etc.
Paulo Buzar finalizou sua palestra com uma mensagem: “Para vocês que trabalham com o melhor dos jardins que são suas crianças, que vocês possam experimentar muitas primaveras”.
A secretária municipal de educação de São João dos Patos Oneide Dias Freitas justificou que o encontro foi diferente das capacitações tradicionais pois quis trazer aos profissionais um pouco do funcionamento da Secretaria de Educação desde os recursos, as obrigações, os direitos e deveres dos profissionais na escola onde o aluno deve ser o principal alvo e do compromisso e a importância de todos no processo do desenvolvimento da educação.
Oneide parabenizou os novos professores e filosofou que não importa de onde ele seja, o que importa é que esse profissional que assumiu a função tenha como destino principal o aluno, que se adeque ao trabalho, que tenha a consciência da obrigação com a escola com a qual está trabalhando. Agradeceu a todos.
O público presente participou de um lanche e os professores concursados receberam a portaria.
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