quinta-feira, 16 de junho de 2016

Após 10 anos e 30 reprovações, jovem realiza sonho e consegue vaga na PF


Gabriela Melo disputou 23 vagas com mais de 32 mil candidatos.

Ela se tornou coach para ajudar quem busca uma aprovação.


Fonte: G1
O mantra "quem acredita, sempre alcança" se encaixa muito bem na história de Gabriela Melo, de 30 anos, que sonhava com uma vaga na Polícia Federal. Ela demorou 10 anos e teve 30 reprovações em concursos públicos até conseguir passar e assumir o cargo de agente administrativo da PF, em 2014. Foram mais de 32 mil candidatos para 23 vagas de nível médio, uma concorrência média de 1.399,35 candidatos por vaga.

"Só quem já passou por isso sabe o que é ver seu nome no Diário Oficial. É o aplauso público por toda sua luta e sofrimento que ninguém vê. Fui aprovada por esses 10 anos de estudo e esforço. Pensei em ligar para todo mundo e fiquei paralisada", lembra Gabriela. Após a divulgação do resultado final, ela demorou seis meses para ser convocada para a posse.

Gabriela Melo foi aprovada como agente administrativo da Polícia Federal depois de 10 anos de estuado (Foto: Arquivo pessoal)Gabriela Melo foi aprovada como agente administrativo da Polícia Federal depois de 10 anos de estuado (Foto: Arquivo pessoal)

Entre todas as seleções, ela foi chamada para assumir três cargos. Entre as 30 reprovações estão: Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal, Polícia Civil do Distrito Federal, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Agência Nacional do Cinema (Ancine), Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Petrobras e Ministério do Trabalho.

Com formação técnica em informática, ela fez seu primeiro concurso em 2004 para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), mas não passou. A primeira aprovação veio em 2007 como cabo na Marinha, na especialidade de técnico em informática. "A Marinha foi um grande marco na minha vida porque me deu condição de pagar a minha faculdade e ajudar meus pais. Não tinha tempo e eu tive que escolher entre dormir e estudar", lembra.

Em 2013, Gabriela seria promovida a sargento, mas resolveu deixar a carreira militar para ir atrás de seu sonho pela PF. Ela conversou com seus pais e voltou para casa. "Fiquei em casa, desempregada e estudando. O sonho de consumo era a Polícia Federal e larguei tudo para apostar nisso".
O dinheiro não deve ser o único critério para escolher o cargo, já que a pessoa vai passar 30 anos da sua vida fazendo aquilo. Se ele perceber que ficará frustrado, então concurso não é para ele"
Gabriela Melo.
 
Nesse período, ela fez o concurso da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal, mas foi reprovada na prova discursiva. Depois disso, veio o concurso da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Gabriela sofreu uma lesão na coluna. "Fiquei 6 anos na Marinha e engordei 20 kg. Quando emagreci e estava alcançando os índices pedidos nos testes de aptidão física (TAF), me lesionei e reprovei".

Já em 2014, quando ela já tinha voltado a treinar veio outro problema de saúde: pedras na vesícula. Ela não poderia fazer seleções que tivessem teste físico, então viu no concurso para agente administrativo da Polícia Federal, que não tem TAF, uma oportunidade, alcançando sua aprovação depois de 10 anos de estudo.

Logo depois, Gabriela também foi aprovada no cargo de agente administrativo no Ministério do Trabalho, mas não pretende mudar. "Penso em trocar de cargo dentro da Polícia Federal mesmo", conta.
Técnicas de estudo
Segundo Gabriela, quando seu estudo começou, em 2004, não tinha organização e direcionamento. "Hoje eu vejo porque demorei tanto para passar", ressalta. Mesmo assim, ela não deixou a preparação de lado durante as longas jornadas de trabalho na Marinha e a faculdade.

DICAS DA GABRIELA:
1) Candidato deve se conhecer para ter certeza que o serviço público tem o seu perfil
2) Conhecer o cargo e órgão que pretende trabalhar para não ter supresa negativa
3) Ter foco na hora de estudar, com planejamento e cronograma
4) Estudar por disciplinas e determinar um número máximo de matérias por dia
5) Começar o estudo com poucas aulas e aumentar a carga horária aos poucos
6) Deixar a preguiça de lado e estudar disciplinas que não gosta ou tem dificuldade
7) Usar resumos, mapas de conteúdo e questões de provas anteriores
8) Aumentar o ritmo de estudo antes da prova e focar em revisão e questões de provas anteriores da banca
Quando o estudo se tornou seu foco principal, em 2013, Gabriela fez uma programação semanal com 6 aulas por dia, mais treinamento físico. Ela estudava cerca de três disciplinas por dia e a carga horária variava de acordo com a dificuldade. Português, matemática e raciocínio-lógico foram as disciplinas mais difíceis.

Gabriela estudava, em média, 10h por dia, mas chegou até a 12h. Mas, segundo ela, iniciar com uma média de 4h por dia é uma boa opção. Resumos, mapas mentais de conteúdo, revisão de conteúdo e de questões também fizeram parte da sua estratégia.

"Eu já era acostumada a uma rotina intensa e só troquei uma pela outra. Mas a preparação tem que ser como uma academia, começando com uma série leve e ir aumentando". Um mês antes da prova, ela recomenda manter o foco em revisão e resolução de questões de provas anteriores da banca.

Ajudando candidatos
Com a estabilidade da Polícia Federal, Gabriela se tornou coach e ajuda candidatos que estão em busca de uma vaga no serviço público. Só para o último concurso do INSS, que teve mais de 1 milhão de inscritos para 950 vagas, Gabriela acompanhava 95 candidatos. "Se o candidato tiver orientação, talvez ele não precise esperar 10 anos, como eu, para ser feliz. Ele pode encurtar o caminho", ressalta.

Ela ajuda o candidato a descobrir se ele realmente tem perfil para a carreira pública e qual área e cargo ele se adequaria mais. "O dinheiro não deve ser o único critério para escolher o cargo, já que a pessoa vai passar 30 anos da sua vida fazendo aquilo. Se ele perceber que ficará frustrado, então concurso não é para ele".

Como coach, ela atende os alunos pela internet e dá dicas de estudo e de planejamento para uma aprovação mais rápida. Ela também promove aulões on-line gratuitos, disponibiliza materiais e planos de estudo.“Gosto demais do que eu faço e conquistei e gosto de conciliar o dois. É uma forma de retribuir, de ser grata ao que o universo me deu”, completa Gabriela.

Gabriela na época em que trabalhava na Marinha; ela deixou a carreira militar para tentar uma vaga na PF (Foto: Arquivo pessoal)Gabriela na época em que trabalhava na Marinha; ela deixou a carreira militar para tentar uma vaga na PF (Foto: Arquivo pessoal)

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